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Diario 1
AVENTURA NAS ALTURAS – 26/12/2008
Saimos de Brasília, do posto play time, DF 75 às 6:50 horas, paramos para um café no restaurante Jerivá aproximadamente uma hora depois, onde encontramos com três motoqueiros cinquentões, que também estavam com destino aos Andes. Depois de Goiania o Troller do Walter apresentou um defeito na direção, só conseguimos solucionar na cidade de Rio Verde, após esperarmos mais ou menos duas horas. O rádio VHF do Paniago deu defeito. O rádio do César também apresentou um pequeno defeito. Chegamos em Rondonópolis às 23 horas, onde comemoramos o aniversário do amigo César.
AVENTURA NAS ALTURAS – 27/12/2008
Saímos de Rondonópolis às 8hs, após um café da manhã apressado. Percorremos um longo trecho movimentadíssimo na estrada em direção a Cuiabá, o que nos fez andar de maneira muita lenta. Não entramos na capital, e sim desviamos para tomarmos a BR em direção a Cáceres. Esta cidade se encontra dentro do Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense e foi-nos possível observar a mudança da paisagem. Com suas áreas alagadiças, o pantanal abriga uma gama enorme de animais típicos. Durante nossa travessia, um tatu cruzou a estrada e por pouco não morreu atropelado.
Nosso idealizador, Sérgio Barcelos, pôde observar um macaco de médio porte, araras do peito amarelo, além de colidir com alguns pássaros na altura de sua barraca de teto.
Paramos para o almoço em Cáceres às 13:50 e a partir daí pegamos um trecho bastante tranqüilo. Boas estradas, isentas de buracos e o que é melhor: direção feminina assumida por Sidney Maria e Fabrícia Paola até chegarmos em Pontes e Lacerda, às 17:30 horas.
O entardecer no pantanal tem seus mistérios. Até por volta das 19:30 horas o sol clareia como se dia fosse, mostrando-nos uma mata de verde exuberante que ladeia a estrada.
Subimos em direção a Vilhena, que é a cidade limite com o estado de Rondônia. Neste trajeto, que foi feito até as 21 horas, passamos por diversas reservas indígenas, dentre elas a do Vale do Guaporé, Nhambikuara e Pirineus Souza.
Na entrada do estado de Rondônia fomos saudados por um policial rodoviário, que deu-nos boas-vindas e perguntou-nos sobre nossa procedência.
Distância Percorrida 960 km
Horas Viajadas 13
Velocidade Média em Deslocamento 86 Km/H
Velocidade Média Incluindo Paradas 71 Km/H
Adversidades: Ar condicionado estragado do Walter Rocha
Situação das estradas:Longos bons trechos intercalados por pequenas distâncias com grandes buracos
Situação dos Pontos de Apoio: Bons postos de abastecimento, facilidade de uso de cartões de crédito e restaurantes razoáveis.
Hotel Santa Rosa
AVENTURA NAS ALTURAS – 28/12/2008
Iniciamos nossa aventura de domingo um pouco mais cedo. Às 7:30 já estávamos de partida do Hotel Santa Rosa, saindo de Vilhena/ RO em direção a Porto Velho.
Adotamos uma prática salutar de fazermos uma oração todas as manhãs, que hoje foi presidida pela companheira Heloísa. Logo no início da estrada, Sidney Maria observou que o caminho era repleto de flores da cor lilás, como se ali elas tivessem sido colocadas para saudar nossa passagem. Visualizamos também Buritis agrupados entorno de áreas alagadas. O tempo esteve ligeiramente nublado, dando-nos um pouco de descanso em relação ao calor.
Por volta do meio dia passamos por Ji-Paraná, com a intenção de somente fazermos um ligeiro lanche e abastecermos. Entretanto, qual não foi nossa surpresa quando o Marcelo viu um pequeno vazamento de óleo, que foi se transformando em uma pequena parada, depois em um homem-óleo completamente sujo de graxa, depois em busca de mecânicos e, por fim, parada total.
O que fazer? Dividir o grupo enquanto outros procuravam um mecânico ou voltarmos para Ji-Parana? Decidimos rebocar o Marcelo de volta até a cidade.
Ainda bem que dois pequenos anjos foram-nos enviados do céu para socorrer-nos. Eles eram os Srs. Gilberto Nóbrega de Almeida, que consertou o radiador do Sérgio, e Valdeci de Andrade, que soldou um cano da rebiboca da parafuseta que levava óleo para o motor do Marcelo. Tarde de domingo perdida, pessoal. Enquanto isso, o Walter e o Paniago saíram à procura de um cristão que pudesse consertar o ar condicionado do carro do Walter, pois a coitada de Heloísa estava suando em bicas neste calor escaldante do norte do nosso país.
E encontraram a Oficina Stylo SoundCar, do proprietário Jorge Rondônia. Seu filho Diego fez a gentileza de buscar o mecânico Vani, que executou o serviço.
Depois de chaveiros e bonés distribuídos, carros arrumados, internet “compartilhada” da loja de pneus, conseguimos ainda um banheiro de caminhoneiro para o Marcelo livrar-se da graxa.
Após mais 370 Km de estrada-tapete e de uma sessão de piadas no rádio, chegamos, enfim, a Porto Velho com as bênçãos de Deus.
Parabéns, Ji-Paraná!
AVENTURA NAS ALTURAS – 29/12/2008
Iniciamos a nossa viagem deste dia às 8:00. O grupo não se sentiu muito satisfeito com o Hotel “O Compadre”. As mulheres perceberam que a limpeza não era o forte do local, além de ter sido o mais caro até agora.
Todavia, Porto Velho é uma cidade tranqüila e em franco crescimento. Com seus 150 mil habitantes, inicia somente agora a construção de seu primeiro shopping center. Após a instalação de usinas na capital, o número de moradores aumentou em mais de 20.000 pessoas.
A BR 364 é boa, porém há buracos em locais espaçados, o que contribui para ocorrência de possíveis acidentes. Os motoristas devem, então, redobrar a atenção para prevenirem-se e manter a integridade de motociclistas e animais passantes.
O clima da região é ameno, a vegetação exuberante e há muitos rios. Atravessamos o Mutum-Paraná e passamos pela Hidrelétrica Jirau. Várias palafitas se encontram presentes às margens da estrada. Algumas são residenciais enquanto outras servem de bares e restaurantes. Chamou-nos atenção uma placa onde se lia: “Vende-se sangue de dragão”. Nosso expedicionário Carlos Paniago,expôs-nos seus conhecimentos na área, relatando que a bebida local é de fato poderosa.
Às 11 horas iniciamos de balsa a travessia do rio Madeira, após passagem pela cidade de Abunã. Este afluente do rio Amazonas tem suas águas escuras, onde brotam pedaços de troncos de árvores que fazem jus ao seu nome.
A subida da BR 364 até Rio Branco demarca um estrangulamento do estado de Rondônia. Ao observarmos o mapa, deparamo-nos com um pequeno cordão de terra fino, que tem à esquerda a divisa da Bolívia e à direita o estado do Amazonas. Nesta região há carência de pontos de apoio e encontramos certa dificuldade em abastecer.
A última cidade de Rondônia é Extrema, que fica a alguns quilômetros da divisa com o Acre. Já neste estado, cruzamos o Posto Fiscal de Tucandeira, onde fomos saudados pelo policial rodoviário.
A pecuária está presente em larga escala. Várias fazendas são vistas na região, onde o gado é criado solto, aumentando o desmatamento para criação de pasto. Atravessamos o rio Iquiri e deparamo-nos com uma situação inusitada. Um fazendeiro construiu sua palafita com a garagem propositalmente posicionada dentro do rio. Segundo a companheira Sidney Maria, era para que ele pudesse pescar de dentro do carro.
Nove Km antes de chegarmos a Rio Branco, fomos abordados por um grupo de repórteres da TV Aldeia, que nos convidou a darmos uma entrevista para a TV local. Golby Pullig e Gleison Miranda filmaram e fotografaram nossos carros, registrando a nossa expedição.
Chegamos a Rio Branco às 14:40. Pela primeira vez o grupo se dividiu e cada qual foi cuidar do problema de seu respectivo carro. Marcelo consertou a parte elétrica da Hilux, Paniago entrou no ar novamente, consertando o seu rádio VHF e César eliminou os palitos que se encaixavam no seu PTT.
Enquanto isso, Sérgio buscou a companheira Débora no aeroporto. Ela se juntou ao grupo, vinda de Brasília para engrandecer a ala feminina. Fabrícia, Sidney Maria e Heloísa buscaram algo para comer e acabaram conhecendo o Mercado Velho. Após uma tarde muito quente, São Pedro despejou uma chuva gostosa que amenizou o calor.
Às 18:30 tomamos a BR 317 rumo a Assis Brasil e após um longo trecho de chuva, chegamos à cidade às 22:30 hs, na Pousada Renascer, e fizemos na varanda da pousada um excelente churrusco em comemoração ao aniversário do Walter.
AVENTURA NAS ALTURAS 30 e 31/12/2008
O desconhecido traz-nos um misto de vontade aguçada de desbravá-lo juntamente com um medo inerente daquilo com o qual não se é familiar. O caminho até Cuzco reservou-nos muitas surpresas, que chegaram até nós fervilhando num caldeirão de emoções não digeridas. Sentimos calor, fome, cansaço e medo. Mas a vontade de chegar falou aos nossos ouvidos, sussurrando-nos que continuar valeria à pena.
Saímos de Assis Brasil – o ponto mais oeste do país – às oito horas. Passamos pela alfândega para carimbarmos nossa saída do Brasil e logo entramos no Peru. Perdemos toda a nossa manhã agilizando a documentação necessária para transitarmos com nossos carros. Entre carimbar passaporte, vistoriar carros, xerocar documentos, comprar moeda local (solos) passaram-se quase três horas. Felizmente, os funcionários da Polícia Nacional Peruana foram extremamente agradável e gentis. Tiramos fotos, distribuímos camisetas e conversamos sobre futebol.
Ao entrarmos na Transoceânica ganhamos uma hora no fuso horário. Agora estamos 3 horas atrasados em relação ao horário de Brasília.
Assustou-nos a extrema pobreza da região. As casas, todas elas construídas de madeira, estão às margens da estrada, que ora é de asfalto e ora de chão. Muitas vezes os buracos e as pedras não nos permitiram andar a mais de 20 Km por hora. Nosso companheiro César ficou sem limpador de pára-brisas, devido a um problema elétrico e foi obrigado a deslocar enxergando a estrada através da lama.
Passamos pelos distritos de San Lorenzo, Inrena, Mavila e Lãs Piedras. A exuberante beleza natural contrasta com o abandono do lugar. Falta-lhes infra-estrutura até mesmo para as necessidades mais básicas. Os chuveiros compartilhados são vistos nos quintais das casas, cobertos por lonas pretas.
Chegamos a Puerto Maldonado às 15:30 hs, após atravessarmos de balsa o rio Madre de Dios pelo Puerto de Control El Triunfo.
O que lhes falta de conforto sobra-lhes às vistas. Qualquer descrição humana será pouco para traduzir que a cada 500 metros a água jorra por um riacho, uma cachoeira ou uma bica na rocha. Como descrever as borboletas azuis que passeiam pelos ares? E como não aspirar o cheiro adocicado das flores brancas que soltam seu aroma pelo vento? E como entender as águas cor de prata que banham as pedras em forma de seixos, dando-nos a impressão de retiram delas o metal que vem da rocha? E como distinguir entre as nuvens do céu baixo e as montanhas que se colorem de azul?
Curvas, zigue-zagues, pedras – muitas pedras. E a noite caiu trazendo com ela seus perigos. Desmoronamento e rochas caídas das encostas, estreitamento da pista, lombadas e quebra-molas e alguns caminhões velozes que subitamente apareciam no contra-fluxo com seus faróis altos. E mais casinhas torpes de madeira habitadas por rostos desolados, mas que sorriam ao lado das flâmulas douradas de Feliz Natividade.
Os motoristas estavam todos muito cansados e chegamos a parar para afastar o sono. A cada quilômetro marcado pelo GPS um alívio. Temia-nos a falta de segurança e a hora já avançada.
Chegamos a Quincemil quase às dez horas da noite, após rodarmos 457 Km ao longo do dia. Exaustos, só queríamos uma pousada para descansar. Entretanto, o local disponível colocava-nos como personagens de um antigo filme de faroeste. Montamos assim, nosso primeiro acampamento, nos fundos da delegacia de polícia e sob a proteção de Santa Rosa de Lima.
Subimos os 246 Km restantes do caminho até Cuzco logo após desmontarmos o acampamento. Não sem antes de exercitarmos nosso corpo numa sessão de alongamento seguida de oração. A temperatura caía enquanto a altitude aumentava, atingindo seus 1.500 metros de altitude e fazendo-nos sentir seus primeiros efeitos.
Começamos a observar que a vegetação pouco a pouco se modificava. As árvores foram se tornando cada vez mais escassas, transformando-se em uma gramínea baixa. Aos 3.000 metros de altitude visualizamos as primeiras lhamas. Brancas, pretas, marrons, elas pastavam tão tranquilamente enquanto nossos termômetros marcavam 6 graus.
Observamos que as casas se modificaram assim como todo o visual. Passaram agora, a ser construídas de pedra e pouco se aglomeravam; somente em pequenas vilas via-mos algum comércio.
Paramos tantas vezes para tirar fotos... Impressionamo-nos com as curvas de nível, que mostravam uma agricultura tão arduamente trabalhada. Imaginamos quão difícil seria para um trabalhador descer por entre as montanhas, arar a terra, colher, produzir, transportar. Maior espanto também nos causou a extrema miséria da população. As crianças, com suas bochechas muito rosadas de frio, margeavam a estrada e gritavam: - Solos!, Solos! Suas mãozinhas estendidas partiam-nos os corações.
O momento de maior êxtase do grupo aconteceu quando, a 4.700 metros de altitude, avistamos os picos nevados da imponente Cordilheira dos Andes. Tivemos a impressão de termos ultrapassado as nuvens, e que a qualquer momento São Pedro apareceria para abrir-nos as portas do céu.
Depois de uma difícil travessia, Cuzco recebeu-nos em uma noite chuvosa de virada de ano. Estávamos muito cansados. Alguns nem mesmo saíram do hotel. Alguns se aventuraram até a Praça de las Armas, onde uma juventude louca soltava bombas.
Agora a ala feminina está completa, pois em Cuzco nos esperava a Raquel nova companheira do grupo.
Desejamos a todos um Feliz Año Nuevo, especialmente a nossas famílias que de tão longe compartilham conosco esta Aventura Alturas.
AVENTURA NAS ALTURAS – 01/01/2009
Que maravilha dormir em uma caminha confortável e saber que o outro dia não será de estrada mais uma vez. Amanhecemos em Cuzco e passamos a manhã toda descansando no hotel.
Almoçamos no restaurante Los Portables e logo contratamos um gui para iniciarmos um city tour.
O primeiro local a ser visitado foi o Convento de Santo Domingo, Qorikancha. Com suas cinco salas de exibição, mostra com clareza a meticulosidade da arquitetura Inca. As paredes, formadas em blocos, são inclinadas de 7 a 9 graus em direção ao solo, para se evitar que sofram danos durante os terremotos. Além disso, os blocos são cuidadosamente encaixados uns aos outros, através de um encaixe tipo macho e fêmea, mostrando como o trabalho era preciso. Algumas pedras possuem nichos que eram usados para a colocação de imagens de ouro e prata.
Aqui visitamos o templo do deus trovão, lua, estrela e sol. Os jardins do local, hoje cobertos de grama, eram antes repletos de imagens de plantas e animais de ouro, em seu tamanho natural.
Entretanto, quando os colonizadores e espanhóis chegaram a Cuzco, destruíram grande parte da arquitetura Inca. Pudemos presenciar a colocação de blocos de gesso em paredes que outrora eram ocupadas pelas pedras anditas.
Logo em seguida seguimos para Saqsaywaman, a 2 Km de Cuzco. O local é composto de restos de blocos de pedras de uma construção colossal, formada por três séries de muros. Demorou-se aproximadamente 70 anos para a sua construção e trabalharam nela por volta de 12.000 incas. Foi destruída a partir de 1537, e seus blocos serviram para a construção da catedral de Cuzco e casas para os espanhóis.
Andamos mais 1 Km para chegarmos a Q`enqo, que é um santuário religioso. Seu nome significa labirinto. Ali aconteceram cerimônias importantes da época. A caverna da parte inferior era utilizada para realização de ritos. Na parte superior, o guia convidou-nos a observar a cabeça de um puma, mas nenhum de nós conseguiu.
Terminamos nosso passeio visitando Puka Pukara, que era um quartel para alojamento e depósito de alimentos, além de ser um destaque em fontes de água.
Ufa! Que dia cheio!
AVENTURA NAS ALTURAS – 02/01/2009
Conhecemos hoje o Vale Sagrado dos Incas. Passamos inicialmente por Ccorao, cidade que sobrevive graças à produção de ervas medicinais e cereais. Cultivam aqui mais de 2.000 espécies de batatas nativas, sem qualquer modificação transgênica. Muito interessante é o milho do local – choclos – que significa o mais bebê. É uma espécie de milho muito grande; cada grão corresponde a quase três dos nossos no Brasil. O choclo é o milho verde, bebê. O grão maduro alcança o tamanho de uma moeda de um real.
Logo chegamos a cidade de Pisac, que é banhada pelo grandioso rio Wilkmaio, braço do Amazonas. Este rio percorre 852 Km em todo o Peru. A fundação desta cidade se deu em 1530, quando queimou-se todo o acervo cultural inca, para tentar se reescrever a história sob o ponto de vista dos colonizadores. Às portas das ruas são colocados sacos plásticos nas pontas de estacas, que sinalizam, por exemplo, que se servem refeições populares – plástico vermelho. Quando um plástico verde é visto em uma porta, significa que o marido não está em casa.
O parque arqueológico do Vale Sangrado é algo espetacular. Difícil, entretanto, é chegar até ele. Uma hora e vinte minutos de caminhada por escadas mal sinalizadas. Foi uma grande cidade que reunia vários bairros. Observamos o cemitério Inca, onde existem cerca de 700 tumbas de pessoas comuns. A realeza não está enterrada, pois era embalsamada e cultuada como se vivo estivesse.
Interessante é entender como 12 milhões de Incas foram dizimados em tão pouco tempo. Soubemos que mais de 70% deles colaboraram com os conquistadores espanhóis durante a colonização. Isso porque os sacerdotes incas escravizavam o povo comum, que era forçado a trabalhar intensamente. Além disso, os espanhóis trouxeram inúmeras doenças que foram transmitidas facilmente aos andinos.
Paramos para almoçar às 13:00 em Urubamba, e logo em seguida chegamos a Ollantaytambo, quefoi um centro estratégico militar. Terminamos o nosso passeio em Chinchero, onde visitamos a igreja Nossa Senhora da Natividade. Era um antigo templo inca e aqui observa-se a fusão da religião católica e andina.
Um colorido especial é a feira de artesanato local.
AVENTURA NAS ALTURAS – 03/01/2009
Hoje foi um dia especial! Afinal, fomos a Machu Picchu. Esse lugar tão maravilhoso e cheio de mistérios, que fascina qualquer um. Horário de saída 6h30. Ponto de encontro na agência, onde contratamos o pacote. O primeiro trecho de deslocamento foi de, aproximadamente, 1h20 de ônibus até o povoado de Ollantaytambo, no Vale Sagrado. Todos abordos, sonolentos e segurando suas bananas e maças. Tudo o que pode ser salvo do café da manhã para não se perder o horário. Estávamos todos nós lá. Exceto, é lógico, os companheiros Marcelo e Fabrícia. Permita-nos aqui um registro do estabelecimento do padrão Valinha. Sempre alegre, comunicativo, simpático, mas atrasado. Muito atrasado... Hoje, inclusive, o responsável pela agência foi ao hotel do companheiro para resgatá-lo das cobertas. Logo, estávamos na estrada. Apreciamos as paisagens e conversamos animadamente. A partir de Ollantaytambo, o nosso meio de transporte foi um trem. Na estação, enquanto aguardávamos a parada total do trem para embarque, vislumbramos diversos vagões. Esses possuíam confortáveis e espaçosas poltronas. Além de mesas com toalhas e vasos de flores. Tudo chique e elegante! Na medida em que o trem avançava, o luxo desaparecia, como que por encanto. Até que o nosso vagão classe E ou F, não me lembro bem, parou diante de nós. Embarcamos. As poltronas dispostas frente a frente permitiam que, no lugar das lindas mesas, o encontro dos nossos joelhos propiciasse tal artefato. Mas, além das conversas, brincadeiras e piadas, o visual era deslumbrante. Nada mais era importante! Um rio caudaloso e com forte corredeira nos acompanhou durante todo o percurso. Em algumas paradas ao longo do caminho, podemos registrar a presença dos ‘porters’. São os carregadores contratados para auxiliar na escalada dos andarilhos, que optam por chegar a Machu Pitcchu pela Trilha Inca. É o mais popular trekking das Américas! Os nativos carregam os volumes desses viajantes, ou seja, barracas, alimentação, mochilas. Tudo aquilo que é necessário para tal empreitada. Enfim, chegamos ao povoado de Águas Calientes. O percurso durou, aproximadamente, 1h20. De Águas Calientes para Machu Picchu levam 25min de ônibus. Caminho sinuoso, uma subida íngreme e um visual de tirar o fôlego. Muitos suspiros! Muitas fotos! É realmente lindo e místico! Iniciamos a nossa caminhada capitaneados pelo nosso guia Willy. Subida, muita subida. Degraus, muitos degraus de pedras. Mas, ao final deles, apesar de exaustos e quase sem fôlego, pudemos admirar a cidade de Machu Picchu. Impossível descrever! É muita emoção! A cidade é dividida em duas áreas: uma agrícola e outra urbana. Iniciamos pela parte agrícola. São platôs, precisamente, nivelados e escorados por pedras. Demonstram as técnicas avançadas de cultivo dos Incas. Ali, Willy nos contou a história daquela civilização. A narrativa foi acompanhada da entonação típica dos guias. Mas, também, revela admiração. Respeito e paixão por tudo! Seguimos para a parte urbana. Mais escadas e chegamos ao portal da cidade. A única entrada da cidade! Cada passo nos revelava uma nova surpresa. Novas histórias foram narradas por Willy. Praças, santuários, residências, enfim, tudo aquilo que compõe essa misteriosa cidade. O que nos chamou a atenção foram as caneletas para escoamento das águas da chuva. Apesar do cansaço, percorremos toda a extensão da cidade e, por último, nos acolhemos numa construção recuperada com cobertura de palha. Era uma demonstração da forma completa de um local de encontros. Sentamos e descansamos. Mais fotos! Ao nosso lado, estava sentada uma Colombiana, que bem humorada tirou fotos do grupo. Após o merecido repouso, nos dirigimos ao caminho de volta por outros cantos dessa cidade fantástica. Tomamos nosso ônibus de volta a Águas Calientes. Famintos, escolhemos um restaurante para saciar nossa fome. Só para variar, Pisco Sauer free para todos. Além, é claro, da cerveja litro. Iniciamos, então, nosso caminho de volta. Novamente, a classe econômica do trem cheio. Frente a frente, é assim que se viaja nesse trem. Chegamos ao ponto em que se encontrava o nosso ônibus. Algo parecido com o caos. Inúmeras placas tentavam indicar os grupos de excursão. Logo, identificamos o nosso grupo, entre dezenas de outros. O nosso motorista se deslocou em passo acelerado para o veículo. Outras dezenas de motoristas aguardavam seus passageiros. Um caos! Já era noite e o caminho de volta foi longo e cansativo. Chegamos ao hotel por volta das 22h. Cansados, mas felizes. Valeu muito! Foi uma aventura única!
AVENTURA NAS ALTURAS – 04/01/2009
Hoje, pegaremos, novamente, a estrada. Hora marcada para saída, oito e trinta, ponto de encontro, o hotel do companheiro Marcelo. O dia amanheceu frio e chuvoso, um fato constante por aqui. Aliás, os dias têm sido com frio e muita roupa. Durante o transcorrer do dia, o sol aparece. O calor nos obriga a tirar as peças de roupa, que nos abrigavam do frio e, agora, nos incomodam no calor. Logo, o dia se adianta e, novamente, somos pegos pelo frio intenso, que é impossível de ser desconsiderado. Tome roupa novamente. Tem sido assim, já estamos nos acostumando. Bem, mas vamos retornar ao que interessa... No café da manha, somos surpreendidos com a notícia de que o carro do companheiro Marcelo não havia funcionado, apesar de inúmeras tentativas, utilizando-se, inclusive, da “ chupeta” do carro do companheiro Sergio. Corremos todos para a garagem, onde estavam os carros. Aqui é muito difícil existir garagem nos hotéis. Olhares tensos, inseguros e um pouco frustrados. Conversas e trocas de idéias. Muitas pesquisas nas páginas amarelas sobre informações de veículos a diesel. Resultado... Pouco há o que se fazer. Hoje é domingo, e está tudo fechado. Após muitas idéias, propostas e contrapropostas, nós resolvemos aguardar o novo dia para irmos à busca de uma solução para o problema. Com isso, Nazca terá que ser retirada do projeto, pois não podemos acrescentar dias a nossas férias. Não há como negar a frustração do grupo. Afinal, muito foi feito, planejado e sonhado. Nessas horas, é que se identifica a maturidade das pessoas, além do sentido de companheirismo e solidariedade. Negociamos com os hotéis uma extensão da nossa permanência. Optamos por um dia livre. Todos poderiam fazer o que quisessem. Assim foi feito. Cada um a sua maneira se dirigiu para aquilo que teve vontade: uma peluqueria, uma casa de câmbio, ou, apenas, uma caminhada pela cidade. Registre-se a dificuldade com saques nos ATM. Isso tem sido uma preocupação constante. Durante o dia, alguns se encontraram e foram se juntando. Como que por mágica, lá estávamos todos juntos almoçando. Pisco free para todos. Sim, Pisco Sauer. Novamente, conversamos, discutimos, trocamos idéias e sugestões. Dedicaremos a 2ª. Feira para arrumar de forma definitiva, ou a mais definitiva possível, o carro do Marcelo para que possamos concluir nosso projeto. É natural que em cada olhar e em cada gesto exista um pouco de frustração e medo. Mas, existe, também, muita esperança numa solução para tudo isso. Vamos lembrar que há oito dias estamos viajando e superando dificuldades. Sempre com muita união e determinação. Mas é importante frisar que as dificuldades não foram poucas. Os desafios não foram pequenos. Ao mesmo tempo em que estamos calejados, também estamos cansados. À noite, resolvemos fazer o nosso brinde de ano novo. Afinal, trouxemos champagne para isso, e não havíamos tido oportunidade. Nosso encontro foi no hotel dos companheiros Paniago, Sidney Maria, Walter e Heloísa. Os varões tomaram a palavra. Cada um ao seu jeito enalteceu o grupo, a viagem e as belezas até aqui encontradas. A companheira Raquel, recém-incorporada ao grupo, tem se surpreendido com tudo o que vê, seja pela beleza única dos Andes ou pelo grupo e o seu já conhecido companheirismo. Bem, muito há para ser feito neste novo dia, que com certeza será cansativo e tenso. Mas, temos a esperança de que, no final do dia, teremos boas notícias e novos horários de partida e chegada. A todos desejamos um 2009 cheio de muitas realizações, amor e saúde e que venha um novo dia.
AVENTURA NAS ALTURAS – 05/01/2009
Bom, hoje é o dia “D”. Vamos levar o carro do Companheiro Marcelo para a Toyota. Diga-se de passagem, uma revenda grande, muito grande para os padrões da cidade. Separamos-nos, os companheiros Marcelo, Paniago e César vão para a Toyota levar o carro do Marcelo. O companheiro Sérgio vai ajudar o companheiro Walter a fazer o carro pegar. A bateria arriou. Na garagem precisamos rebocar o carro do companheiro Marcelo. Cambão pronto. Empurramos o carro para uma melhor posição, o resto foi aquele já conhecido, tome reboque. Na Toyota, fomos atendidos pelo engenheiro Marcos, chefe de pós venda. Algo parecido com chefe da oficina no Brasil. Depois de relatarmos o problema, ele ficou de passar o ‘scaner’ para um diagnóstico preciso. Assim foi feito. Durante todo o dia, os mecânicos se revezavam no carro. Enquanto isso, os companheiros Walter, Sérgio e Paniago providenciavam a troca de óleo e lavagem dos carros. No meio da tarde, todos se dirigiram para a Toyota, onde estavam de plantão o companheiro Marcelo e o César. No final da tarde, o veredicto final. O defeito não poderia ser corrigido com a agilidade esperada, precisariam de dois dias. Difícil descrever os sentimentos envolvidos em tal notícia. Novamente, propostas e contrapropostas. Por fim, o companheiro Marcelo ficou de conversar com a companheira Fabrícia para decidir o que fazer. Marcamos um encontro às 20h para definirmos a situação. Todos estavam lá. O companheiro Marcelo nos comunicou que não continuaria a viagem, esperaria o conserto e voltaria pela estrada que viemos. Não havia mais o que discutir. Despedimo-nos ali mesmo com muita emoção. Registramos aqui o nosso pesar e desejamos uma viagem de sucesso e paz. Saibam, companheiros Marcelo e Fabrícia, estaremos com vocês em nossos corações durante a viagem de vocês. Na certeza de que tudo dará certo e que chegarão bem. Do nosso lado, a ausência de vocês será nossa companheira. Boa viagem! Boa sorte!
Enquanto isso, as companheiras Raquel, Débora, Heloísa e Sidney Maria foram explorar a cidade de Cusco. Uma nova cidade havia se mostrado, pois a que havíamos conhecido até agora estava em feriado. Portanto, muitas coisas estavam fechadas. Foi um dia cheio! Muitas compras e muita conversa.
Depois da reunião, fomos jantar. Para variar, Pisco Sauer free. O jantar estava delicioso! Talvez o melhor até agora. Uma carta de sobremesa de dar inveja, cada uma melhor que a outra. Após o jantar, já sem os companheiros, que logo após as despedidas foram para o hotel, fomos dormir. Afinal, um novo dia se afigurava. O coração apertado, um sentimento de perda, um vazio. Mas, a certeza de que nada havia sido perdido, apenas um ciclo havia terminado. Os caminhos agora seriam diferentes. No entanto, o carinho, a amizade, o companheirismo vão ficar para sempre em nossas mentes e em nossos corações. Amigos, façam uma boa viagem e saibam que serão lembrados na continuidade da nossa viagem.
Aproveitamos aqui para registrar nossos sinceros agradecimentos aos amigos e parentes que tem nos enviado mensagens. É muito bom e importante esse contato para nós!
Resumidamente, Cusco se mostrou outra cidade. Talvez, seja necessário um maior numero de dias para de fato conhecer essa cidade tão interessante e agradável.
AVENTURA NAS ALTURAS – 06/01/2009
Bom dia a todos! A hora marcada para saída 8h30. Todos presentes, todos os oito companheiros. Após abastecermos, lá fomos nós rumo a Puno. Lembram-se, cortamos Nazca. Em Puno, vamos conhecer o Lago Titicaca. O dia perfeito, o friozinho básico nos saudou, mas não a chuva. Parecia até que Cusco estava nos dando tchau. Estrada a fora lá vamos nós. A distância pequena algo em torno de 360 Km. O Percurso lindo, vales e montanhas emolduravam nosso caminho. Realmente, é muito especial e inesquecível viajar por aqui. A companheira Raquel extasiada com tudo, não parava de se admirar a cada metro viajado. Mais ou menos no final da manhã ou início da tarde paramos. O companheiro Walter nos convocava para fazermos uma refeição. Ali mesmo na estrada, numa área com acostamento mais generoso. Na outra mão, um conjunto de barracas com artesanatos, ou qualquer coisa parecida, determinava que aquele ponto não era, apenas, um espaço qualquer. Era ‘La Raya’. A divisa entre Puno e Cusco, numa altitude de 4.338m. Paramos todos. Enquanto procura e revira o bagageiro na procura do fogão e outros utensílios, a companheira Raquel, que já vinha apresentando desconforto intestinal, optou por inaugurar a poltroninha. Explico a companheira Débora nos presenteou, a todos, com um verdadeiro trono. Um delicado assento de vaso, apoiado sobre um recorte de madeira, que acompanha o contorno do assento. Sob tal artefato, encontra-se a base formada por pés que se fecham em cruz. Merecia um prêmio! Bem, voltamos à narrativa. Parados sob a placa de “Abra a la Raya altitud 4338 mts”. Um visual de tirar o fôlego. Um grande vale a nossa frente e mais ao fundo uma montanha com o seu pico encoberto de neve. A companheira embevecida com o trono distanciou-se do grupo para procurar abrigo e privacidade. Lá, comodamente assentada e vislumbrando aquele visual pode, enfim, desvencilhar-se do desconforto. Retornou com rasgados elogios a tudo. Desde o artefato à paisagem única e diferenciada. Apesar de tudo, o desconforto voltou a insistir e, novamente, nossa guerreira voltou ao seu lugar privilegiado. Dessa vez, no entanto, o fato foi documentado e fotografado pelo companheiro Cesar. Tudo terminado, seguimos nosso caminho. Até nosso destino, havia a cidade de Juliaca a ser transposta. Adentramos a cidade, o trânsito uma loucura. Diga-se de passagem, isso foi uma constante em todas as cidades do Peru. Todos buzinam. Bicicletas, carros e até um veículo que é um misto de moto, bicicleta e carro. É difícil descrevê-lo, mas vamos tentar. Imaginem uma frente de moto ou lambreta. Coloquem aí uma carenagem, ou se quiserem uma carroceria, com pára-brisas e tudo mais que se tem direito. Atrás, duas rodas ao invés de uma, também, abrigada pela carroceria. Um banco, em que se acomodam duas pessoas adultas, eu acho. As bicicletas, também, não ficavam para trás. Um banco e selim normais, mas, na frente, uma cadeira apoiada por duas rodas. Também, carregam duas pessoas. Bem, junte dezenas desses veículos e mais os carros. Disponha isso em ruas estreitas de mão dupla. Todos disputam o lugar com a mesma prioridade. Todos buzinam. É uma loucura! Só vendo para crer. Guardas de trânsito apitam e gesticulam. Conseguimos atravessar a cidade com vida e sem acidentes. Seguimos, novamente, para o nosso destino. A estrada começou a ficar ruim, mas sem buracos. Assim, fomos até Puno. Na nossa chegada a Puno, o companheiro Sérgio atento ao seu GPS nos guiava. Logo na entrada, um guarda nos parou e deu uma bronca no nosso líder. Um parêntese, o guarda ficava debaixo de um abrigo sobre um patamar de cimento. A bronca foi por não termos parado diante da presença da autoridade de trânsito. Ou seja, todas as vezes que nos deparássemos com aquela figura deveríamos parar e aguardar sua autorização para continuar. Após a bronca, seguimos em busca do hotel Helen, referência de outro companheiro, que já havia feito esse trajeto. Sobe, desce, direita, esquerda, não é aqui, é ali. Assim, ficamos por um tempo. O companheiro Paniago sugeriu que tomássemos um daqueles veículos estranhos, já descritos, sim aqui também tem deles. Assim foi feito. A companheira Sidney Maria já estava na condução do carro. Fato ocorrido, pois o companheiro foi acometido de um ataque de sono, após o almoço já citado. Decidido, o companheiro deixou seu carro e parou o dito veículo. Dentro do tal veículo, mas em sentido contrário, nos forçou a uma manobra de conversão, ali mesmo, onde estávamos. Os companheiros Cesar e Walter fizeram a manobra. O companheiro Sérgio, traumatizado pela bronca recebida, seguiu em busca de um retorno. Parados Cesar, Walter e o companheiro Panaiago, que estava dentro daquela viatura, aguardavam o retorno dos demais. Sim, a companheira Sidney Maria estava junto do nosso líder. Enquanto isso, fomos informados pelo condutor do veículo que ele não poderia nos levar, pois desconhecia tal hotel. Deixamos o veículo seguir seu caminho e paramos um táxi. Puno é como em Cusco. Tem-se a impressão que todos são táxis. Basta acenar com a mão que alguém pára. O preço a ser pago é resultado de uma negociação entre as partes. Não há qualquer tipo de aparelho de marcação. O táxi nos informou que não existia tal hotel, mas conhecia o hotel Helena. Seguimos, então, para o hotel Helena, atrás do táxi. O hotel de bom padrão não tinha garagem e elevador. Perguntado sobre outro hotel, o motorista nos indicou o Royal Inn Hotel. Próximo ao hotel Helena. Realmente, muito próximo. Deixamos os carros onde estavam e a pé fomos até o outro hotel. A diferença era gritante, mas, também, muito mais caro. Negocia daqui e dali e, enfim, conseguimos um valor possível de ser pago. Os quartos grandes e confortáveis nos ajudaram a decidir. A garagem subterrânea e suficiente para nós terminou por concluir a negociação. Os companheiros Cesar e Raquel não resistiram à tentação de um pouco de mordomia. Escolheram a suíte Presidencial, um amplo apartamento com dois ambientes e um banheira de hidromassagem de dar água na boca. Instalamos-nos felizes da vida. Marcamos 8hs para sairmos para jantar. Assim foi feito, nada de muito especial, mas suficiente para saciarmos nossa fome. Voltamos ao hotel e fomos dormir o justo sono. Boa noite!
AVENTURA NAS ALTURAS - 07/01/2009
Estamos em Puno e contratamos o passeio para o lago Titicaca. Saída marcada para às seis e meia. Juro que gostaria de saber por que todos os passeios são neste horário. Na verdade, eram três as opções de passeios. O primeiro, apenas, para a comunidade Urus. Um bate e volta. O segundo, além, de Urus abrangia, também, a ilha de Taquile. Para esse passeio, será necessário o dia inteiro. Foi o escolhido. E, por fim, o terceiro que levaria dois dias. Seria necessário dormir em uma das ilhas do Lago. Lá fomos nós. Muitos bocejos, muitas roupas, muito frio... Nossa embarcação mais parecia um ônibus de subúrbio. Cadeiras dispostas duas a duas, pernas sem conforto. Todos dentro e acomodados. Os últimos, companheiros Cesar e Raquel, não dispunham de cadeiras contíguas. Sentaram-se, então, em um tipo de poltrona ao lado do capitão e seu manche. No interior da embarcação, não fazia frio. Portanto, começamos a nos desvencilhar das roupas de frio. O barco, também, dispunha de um terraço. Pouco a pouco investigamos e exploramos todas as instalações. Principalmente, a parte superior do barco. Depois de meia-hora, chegamos à comunidade de Urus. As ilhas flutuantes de Urus. Não são poucas as ilhas. Muito diferente de tudo que se possa imaginar ou conhecer. Todas flutuantes. Algumas maiores e outras menores. Podemos observar que todas possuem um elevado. Parecido com um mirante. Talvez, esteja há cinco metros do piso. Servem para acompanhar a criação de trutas. Ancoramos em uma das ilhas. Parece que estamos pisando em algo mole. Os pés não chegam a afundar, mas a sensação é estranha. Afinal, estamos flutuando. Nossa pequena ilha abriga três famílias. A guia, apoiada por nativos, começou a explanação sobre a comunidade. O solo é composto pelo acúmulo das raízes da totora, planta mágica que possibilita tudo isso. A totora cresce nas margens do lago. Assemelha-se ao junco. Dela, tudo se aproveita. A partir da sua flor, é possível fazer um chá, que ajuda nos problemas intestinais, além de ajudar no controle hormonal das mulheres. O caule é comestível. Contém vitaminas e calorias. Também, é utilizado para criar o piso onde vivem. Esse fica de três a cinco metros da primeira camada da raiz. Curiosidade... Cada indivíduo pode recortar o seu pedaço de raiz e negociar com o presidente de ilha. Sim, cada ilha tem um presidente. Caso seja aceito, o seu pedaço será incorporado àquele já existente. Isso é feito por ancoragem, ou seja, dois pedaços de madeira – estacas - interligados por cabo. Cada estaca é fixada na ilha. Agrega-se, assim, mais um habitante à ilha. As mesmas estacas, também, fazem a ancoragem da ilha, para que não ocorra o seu deslocamento. Caso haja um desentendimento entre as famílias, é possível cortar a área da família insatisfeita, que irá se ancorar em outra ilha. Muito democrático! Assim, eles vivem, criam patos, como se fossem galinhas, pescam, cozinham. Enfim, têm uma vida normal... Existem, também, escolas. Cozinharam um tipo de bolinho para nós. Gosto duvidoso, mas não chega a matar. A cozinha tem uma camada a mais daquela raiz. Isso evita um super aquecimento ou incêndio. A higiene é feita com o corte de uma camada do piso até encontrar água. Algo parecido com uma pequena piscina. Imaginamos como será no inverno com temperaturas abaixo de zero. Aqui, tem apenas duas estações: chuva e frio. É mole! Em seguida, pudemos interagir com as famílias. Visitamos as casas. Na verdade, a casa é apenas para dormir. Possui uma cama e espaço para roupas. Tudo muito simples, mas funcional! Adentramos a casa e colocamos parte das vestes. Fotos, muitas fotos. Rosa, uma das mulheres, nos recebeu com muita alegria e simpatia. Fizemos um passeio num barco construído, também, com totora. Ele nos lembra um barco Viking. Havia umas trinta pessoas no barco. Todos bem acomodados. Assim, pudemos perceber a estabilidade dessa embarcação. É claro que tudo isso acompanhado de muito artesanato. Retornamos ao nosso barco. Maritza era a nossa guia. Muito falante e prolixa. Essa é uma das características dos guias locais. Ela nos contou tudo sobre aquilo que víamos. Realmente, muito diferente e especial. Ficamos extasiados com aquilo tudo. Novamente, acomodados no barco, rumamos para a ilha de Taquile. Essa é de terra firme, não é flutuante. Chegamos após duas horas e meia de navegação. Como nas demais ilhas, o terreno era muito acidentado e íngreme. Desembarcamos. O calor estava intenso! Roupas de frio ficaram no barco. Uma escadaria nos esperava. Não uma escadaria qualquer, mas feita de pedras e de forma irregular. Subimos cerca de uns 200metros, que mais pareciam dois mil metros. Tudo bem, tem um pouco de exagero. No topo da ilha, pudemos vislumbrar uma vista de tirar o fôlego. Via-se de longe, muito de longe, o lago Titicaca. Pictures, muitas pictures... Todos buscavam um lugar para documentar aquela paisagem que mais parecia um quadro. Logo nossa guia, Maritza nos chamou. Grupo Inca! Grupo Inca! Esse era o nosso código de agrupamento. Logo, descobrimos que não éramos o único grupo Inca. Passamos, então, para grupo Inca um. O outro grupo tornou-se Inca dois. Não é importante, mas é curioso. Sei lá, deu vontade de contar isso. Bem, fomos a um restaurante, onde iríamos almoçar. Tudo meio improvisado! As mesas ficavam na laje do restaurante. A vista era maravilhosa, mas o sol e o calor nos impediam de almoçar nesse espaço. Preferimos ficar na parte inferior do restaurante. A comida não era uma referência gastronômica, mas era típica dali. Tinha um molho, que mais parecia com vinagrete. Só que muito apimentado. Isso acompanhado de pães. Depois, uma sopinha de ‘quinua’. Por último, uma truta com arroz e fritas. Após o almoço, Maritza nos explicou o modo de vida dessa comunidade. Tudo muito curioso! Pode-se identificar se uma pessoa é solteira ou casada, sem precisar conversar com ela. Nas vestimentas, estão embutidos sinais de seu estado civil ou posição social. As mulheres casadas e solteiras se diferenciam pelo tamanho do ‘pompom’ de suas roupas. Os homens se diferenciam pela cor do gorro. Os representantes têm algo parecido com uma pochete colorida e com ‘pompons’. Nela, carregam folhas de coca. Eles não se cumprimentam com aperto de mãos, mas através da troca de folhas de coca. As pessoas solteiras podem, antes de estabelecer matrimônio, “ficar” por dois anos. Após este período, decidem se, realmente, vão se casar. A decisão é muito importante, pois não há divórcio. Portanto, precisam ter certeza do que vão fazer. Somente, os homens podem ser líderes. Almoço terminado, vamos ladeira abaixo. Lá, estão os duzentos metros a serem vencidos novamente. Não é uma tarefa fácil! No porto, embarcamos e começamos nosso trajeto de volta. Todos sonolentos e cansados! César e Raquel puderam contemplar os inúmeros cochilos do nosso comandante, durante o percurso de três horas. Passeio concluído e retorno ao hotel. Noite livre! Cada um escolhe o que fazer e aonde ir. Terminamos mais um dia. Dia cheio! Boa noite!
AVENTURA NAS ALTURAS - 08/01/2009
Horário, oito horas. Destino Arequipa. Todos prontos. Os carros reclamaram um pouco para pegar. Afinal estava frio, muito frio! Vencidas as dificuldades, lá fomos nós. Um táxi a nossa frente nos indicava o caminho. Na saída da cidade, fomos abordados por quatro policiais. Pediram-nos os documentos. Foram entregues os documentos do carro e do motorista. Solicitaram-nos a carta verde. Mais uma vez, foram entregues. Por último, nos solicitaram a autorização transitar com películas escuras nos vidros. Conseguiram, pois essa, realmente, nós não possuíamos. Muita negociação e argumentação, mas nada adiantava. Resultado, uma multa de 360 soles, moeda local. Estava no livrinho. Na verdade, mais parecia uma lista de supermercado. Nosso companheiro Paniago se adiantou e conseguiu negociar para 200 soles, 50 por carro. Caixinha da propina. Não teve jeito, pagamos. Pelo rádio, Sérgio mostrava sua indignação, enquanto era consolado pelo Walter. Afinal, já esperávamos por algo parecido. Seguimos nosso caminho. Precisávamos passar, novamente, por Juliaca. Lembram-se, àquela do transito louco. Tudo de novo. Fomos injustos, além daqueles veículos esquisitos, as ruas também são disputadas por pedestres e bicicletas normais. Vira pra cá, pra lá, buzinas, sinais, e, de repente, um guarda. O indivíduo correu pela rua e abordou o carro do César, o último do comboio. Alegação: O carro havia transposto um sinal vermelho. Multa de 370 soles. Livrinho na mão. Sim, o mesmo da lista de compras. Acho que é padrão. Muita negociação e nada. Entregou-nos o tal livrinho e pediu que colocássemos ali, com discrição, 100 soles. Nada mais havia a ser feito, lá se vão mais soles para propina. Caixinha novamente, todos colaboraram. Nem precisa dizer que não houve tal infração. Afinal, andamos o tempo todo de primeira, como poderíamos não ver tal sinal. Novamente, pelo rádio mais indignação. Afinal, já era a segunda vez no mesmo dia. Conseguimos sair daquele local, que era, no mínimo, desagradável. O trânsito Peruano não vai deixar saudade. Estrada a fora, lá vamos nós. O caminho era semelhante àquilo que encontramos até aqui. Deslumbrante! Muitas fotos! Muitos filmes! Num determinado momento, paramos à beira de um rio para que a Raquel pudesse ter contato com a água dos Andes. Em seguida, novamente, saímos da estrada para um mirante. O Walter nos informou pelo rádio que aguardaria Arequipa para almoçarmos. Não seria necessário pararmos na estrada. Um conjunto de pedras muito diferentes, grandes e, harmonicamente, dispostas. Mais fotos. A chegada em Arequipa impressiona pela aridez, pedras e terra sem cor. Parece um deserto! A chegada na cidade foi sem estresse. O Paniago contratou um táxi. Ele nos levou a diversos hotéis, que por várias razões não nos servia. Não foram poucos, mas, enfim, um nos atendeu. Ufa...!!!! O trânsito daqui não é muito diferente. O destaque está na quantidade de táxis. Tem-se a impressão de que todos os carros são táxis. Observamos que os táxis têm muitos enfeites. Parecem uma penteadeira de... O Sérgio nos explicou que a razão pela qual as casas não possuírem telhado - parecem não terminadas - se deve ao fato de que, assim, não pagam impostos. Afinal, não estão concluídas. A entrada na garagem do hotel foi outra guerra. Nossos carros ficam muito altos com as barracas de teto. Depois de muita manobra e ajudantes empurrando a porta mais para o alto, conseguimos entrar. O Walter teve seu carro entalado, mas desvencilhou-se. O Sérgio e a Débora resolveram visitar, logo, o Monastério de Santa Catalina. Afinal, nas terças e quintas, ele fica aberto até 22h. Como era final de tarde, ainda havia tempo. Walter, Heloísa, Paniago e Sidney Maria saíram para jantar. César e Raquel iriam jantar mais tarde. Assim foi feito. Curiosamente, todos nós fomos para a Parrillada do Gaúcho. Algo parecido com churrasco. Não era especial, mas suficiente. Afinal, estávamos com muita fome. Em seguida, fomos dormir. Amanhã, curtiremos Arequipa!
AVENTURA NAS ALTURAS - 09/01/2009
Não acordamos muito cedo! Podemos definir o nosso café da manhã como, no mínimo, esquisito. Não havia buffet para nos servirmos. Sentamo-nos e aguardamos o serviço. Trouxeram-nos uma garrafa térmica com uma água quase quente. Em um pequeno receptáculo, havia algo parecido com tintura de café. Percebemos que tal concentrado deveria ser diluído na água. O leite tinha uma cor rosada e se parecia com creme de leite. Péssimos alquimistas que somos, não conseguimos, por mais que tentássemos, acertar tal mistura. Após diversas tentativas com o café e com o leite, ou com os dois juntos, deixamos para lá. O pão em formato triangular parecia uma mistura de pão sírio com bolacha Cream Cracker. O papaya, o melão e o abacaxi nos lembravam cubos de isopor, cuidadosamente, pintados na cor da fruta. O suco era a única coisa que nos lembrava um café da manhã. Pedimos, então, ovos mexidos. Após um bom tempo de espera, os ovos foram servidos. Devido à sua fartura, mais pareciam pertencer a pombos. Café da manhã concluído, fomos ao city tour pela cidade de Arequipa. A cidade é dividida em municípios ou algo parecido. Em cada um deles, há um presidente, uma praça, uma igreja e uma estátua de um herói local. Chamou-nos atenção, o contraste entre a aridez das pedras inférteis e as inúmeras e incontáveis plantações. Tudo isso no meio urbano. No meio da cidade! Nossa van, um novo e confortável veículo, nos acomodou muito bem. O nosso guia simpático e calmo nos explicava tudo, além de responder a todas as nossas curiosidades. Arequipa nos surpreendia a cada etapa do passeio. Foram muitas as fotos e brincadeiras. Muita diversão! A cidade havia, então, nos conquistado. Fomos levados a uma fábrica de roupas de alpaca, lhamas e afins. Cada um pode observar as ofertas e comprar, pelo menos, uma peça de roupa. Isso para nos prevenir do alardeado frio, que nos espera no Salar de Uyuni. A cidade tem um estilo colonial. Possui várias ruelas com subidas e descidas íngremes. É conhecida como cidade branca. Isso se justifica pela silliar – rocha vulcânica típica do lugar-, que é utilizada nas construções. Possuem paredes brancas. Observamos, também, muitas flores coloridas, que contrastavam com o branco das casas e a aridez do local. Podemos identificar o uso de pedras, que pareciam ter desenhos de plantas e folhas. Nosso guia nos explicou tratar-se de plantas fossilizadas. Essas pedras são muito comuns na região. Visitamos, também, a casa do fundador. Um museu, onde estão as relíquias históricas do fundador da cidade. O museu é de propriedade particular. É utilizado para festas de casamento. No Peru, não há tombamento histórico, embora o centro de Arequipa seja tombado como Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO. Pouca preocupação com a preservação da sua história! Outra curiosidade foi uma pequena flor lilás. Quando pressionada na base, se parece com o abrir e fechar da boca de um sapo. Isso justifica o seu apelido: boca de sapo. Retirada a parte inferior dessa flor, surge a imagem da Virgem Maria. Impressionante! Na saída do museu, um forte cheiro de cebola denunciava uma grande plantação bem próxima ao museu. A cebola peruana é roxa e mais forte do que a brasileira. Na hora do almoço, fomos levados a um restaurante peruano. Sidney Maria clamava por uma feijoada. Já o Walter não conseguia definir o que desejava comer. Assentados, enfim, Pisco Sauer Free para todos. Cardápio em mãos, após curiosidades, dúvidas, perguntas e consultas àqueles mais próximos, decidimos comer o mais básico: bife com fritas. Exceto, o Sérgio e o Paniago que se aventuraram na degustação de um pequeno leitão. Comemos bem! Por fim, apesar da demora no acerto de contas com algoritmos complexos de responsabilidades individuais sobre valores, conseguimos satisfeitos deixar o restaurante. Sérgio e Débora foram ao museu Andino. Os demais foram conhecer o Monastério de Santa Catalina. A princípio, pensávamos cumprir tabela numa visita protocolar a um ponto turístico muito referendado. No entanto, ficamos fascinados com a cidade que existe dentro de suas muralhas. Inúmeras ruas, becos e travessas contornam esse espaço. As acomodações são simples, mas práticas e funcionais. Casas, capelas, cozinhas comunitárias, refeitórios, enfim, uma infinidade de lugares e acomodações. Talvez, as fotos possam retratar melhor do que as palavras. Tudo muito conservado! Ainda existem algumas poucas freiras em clausura. Curiosidade maior foi que, à época, as internas vindas de famílias ricas e poderosas tinham um espaço privilegiado. O tamanho da casa dependia do valor do dote. Podiam contar até com a dedicação de uma serviçal. Essa, diferente da interna, tinha o seu direito de ir e vir garantido e assegurado. Ao nosso grupo, juntaram-se duas mulheres. Uma argentina e a outra com dupla cidadania: brasileira e argentina. Elas, muito simpáticas, nos ajudaram a entender as explicações da nossa guia. Além da admiração e o respeito pelo lugar, nos divertimos muito com brincadeiras e amabilidades. Terminado o tour, retornamos ao hotel.
Mais tarde Debora e Sérgio voltaram da visita ao Museu Andino. Relataram mais uma surpresa que revela Arequipa, após terem conhecido o Monastério de Santa Catalina na noite anterior. Nesse Museu Andino conheceram a história da sua principal “moradora”: JUANITA, uma menina de mais ou menos 15 anos de idade que foi encontrada por pesquisadores/exploradores da Universidade de Arequipa. Conta a história que a menina teria sido oferendada a um deus para que acalmasse o vulcão, o qual estava ativo por muito tempo. Juanita foi oferecida e levada a uma altura de 6.300 metros, onde, após a cerimônia, foi deixada com alguns pertences, (pois se tratava de uma menina de família com posses), para se encontrar com deus.
As pesquisas mostram que ela foi morta com uma pancada na cabeça e seu corpo deixado no local sagrado em oferecimento, perto do vulcão. A sua posição original deve ter sido em um lugar muito íngreme, pois foi por isso que o seu corpo caiu e parou em uma geleira, onde permaneceu por aproximadamente 500 anos, até a sua descoberta e transporte para a Universidade. Agora se encontra exposta ao público e ainda em estudos. No museu encontram-se outros 3 corpos também congelados, que foram localizados na subida as montanhas, mas nenhum nas condições de conservação de Juanita. O museu também apresenta vários trabalhos incas em metais, cerâmicas, tecidos e couro, encontrados nas montanhas congeladas.
À noite, nos confraternizamos com duas garrafas de vinho e diversos petiscos oferecidos por cada casal. Já era tarde, quando retornamos aos nossos apartamentos. Afinal, mais um dia de viagem se aproximava...
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