AVENTURA NAS ALTURAS – 20/01/2009
Nosso 3º dia em San Pedro de Atacama.
Logo cedo, Sérgio e Walter dirigiram se para Calama, cidade vizinha, pois o carro do Sérgio apresentava um problema mecânico. Sidney Maria, Paniago e Débora iriam conhecer as Termas de Puritama. Os demais ficariam no hotel. Cesar e Raquel iriam atualizar nosso diário. Às 9.15h, uma Van, caindo aos pedaços, apanhou Sidney Maria e Paniago no hotel para o passeio às Termas. No caminho passou no hotel da Débora que se juntou aos colegas e ao grupo de turistas, umas cinco pessoas que já estavam na condução. Mais alguns metros percorridos, já quase fora do “pueblo” a Van para em frente a um “hostal” e apanha os últimos turistas, um casal bem novinho, duas crianças. Já na Van, Sidney Maria e Paniago descobrem que eles são brasileiros, aí é aquela é aquela satisfação, sabe como é brasileiro! Conversas, conversas......Alguns quilômetros percorridos cordilheira acima, após uns quarenta minutos e depois de um caminho de longa subida e de descida íngreme, de dar medo, ainda mais num carro em péssimas condições, chegaram ao local. Aliás, lá de cima, antes da descida, vê-se entre as montanhas um “cânion” e lá embaixo um oásis, onde estão as Termas de Puritama. É muito bonito. No desembarque, antes de descerem da Van, o motorista avisa que às 12.30h todos deveriam estar de volta, informando ainda, que eram sete piscinas termais, e que poderiam utilizar todas, exceto a primeira. Porquê? não se soube. O que importa é que as piscinas são maravilhosas, com água, a 35ºc. Sidney Maria, Paniago e Débora, passaram umas duas horas e meia, curtindo aquelas águas quentinhas. O clima fora delas estava friozinho. O tempo passou rápido e logo estavam de volta à Van, mas antes, nos banheiros conheceram mais brasileiros, desta vez, um casal de Caxias do Sul/RS, com duas filhas adolescentes. Ah!, também encontraram, nas piscina, outro casal do Rio de Janeiro/RJ, com duas crianças. É muito bom ver nossos compatriotas. Após uma viagem de volta, de mais ou menos, outros quarenta minutos, retornaram ao hotel. Mais tarde, juntaram-se ao grupo e foram almoçar. Almoçaram Cesar e Raquel, Sidney Maria e Paniago, Heloísa e Débora, no restaurante “Bienvenido Disierto”, restaurante de comida boa, não muito diferente dos demais de San Pedro de Atacama, exceto pelo “Pastel de Jaiba”, bem diferente do nosso pastelzinho. Na realidade é um catado de caranguejo, servido fartamente numa panelinha de barro, como se fosse um escondidinho. Saciada a fome, e após uma caminhada na rua “Caracoles”, o grupo volta aos seus hotéis. Mais tarde, lá pelas 16h, Sidney Maria e Débora, como haviam combinado, foram visitar “El Pucará de Quitor”, localizada há três quilômetros de San Pedro de Atacama. É muito perto do “Pueblo”. As pessoas costumam ir a pé, ou de bicicleta. Bom! As nossas expedicionárias, que não se sentiram com preparo físico, para nenhuma das opções, foram de carro. Sidney Maria foi dirigindo seu carro, chegando às proximidades de “Quitor”, encontraram o casalzinho de São Paulo, que pela manhã haviam conhecido no passeio às “Termas de Puritama”. Estavam de bicicleta e havia um rapaz com eles, que parecia ser da região. Depois da surpresa de terem se reencontrado, os brasileiros conduziram as nossas expedicionárias até a entrada do local de visitação, despedindo-se em seguida, pois retornariam ao povoado. Sidney Maria e Débora passaram por um quiosque, onde pagaram 2.000 pesos chilenos, cada. Com o mapa nas mãos, se situaram no local, que tem dois atrativos: um mirante no alto do morro, onde se chega após uns quarenta minutos de caminhada e, outro, onde estão as ruínas de “Pucará”, construídas com pedras. Após visitar as ruínas, tentaram chegar ao mirante. Alguns minutos de caminhada morro acima, a Débora sentiu-se cansada, com dor de cabeça, efeitos da altitude. Sentou-se nas pedras e ficou aguardando Sidney Maria concluir a caminhada. Morro acima, nossa aventureira, caminhou, caminhou.... No trajeto, um casal de brasileiros de Ribeirão Preto se juntou a ela. Aí a caminhada ficou mais fácil. Tiraram fotos dos melhores pontos até chegarem ao mirador. Lugar muito bonito, de lá se vê toda a região, num ângulo de 360º. Visto do alto, o “pueblo” de San Pedro de Atacama se transforma num óasis no meio do deserto. Missão cumprida para nossa expedicionária, a única dos 8 integrantes do grupo a visitar o mirante. Na descida, encontrou um grupo de baianos de Guanambi/BA. Achou o máximo, afinal, ela é baiana de Santa Maria da Vitória/BA. Foi aquela festa, e mais fotos!!!. Mais descida, e Sidney Maria reencontra Débora, continuam a descida juntamente com o casal de São Paulo. Descida concluída, tomaram o caminho pelo lado esquerdo do primeiro morro, o das ruínas de “Púcara”. Iriam visitar os rostos “atacameños” esculpidos nas rochas, no ano de 2007, pelo povo da comunidade de “Quitor”. Mais algumas fotos, despediram-se do casal de São Paulo e voltaram para o hotel. À noite, o grupo reuniu-se no restaurante do Hotel “La Casa de Don Tomáz”, para o bota-fora da Raquel que voltaria para o Brasil de avião, no dia seguinte, saindo de Calama. A farra foi boa. Comida, vinho e “postres”, pois o Walter e o Paniago, nunca dispensam sobremesa. Foram dormir na expectativa de que partiriam no dia seguinte, provavelmente após o almoço, pois pela manhã o Sérgio e o Paniago iram a Calama pegar o carro do Sérgio, que havia ficado lá no dia anterior para reparos.
Conhecemos hoje o Vale Sagrado dos Incas. Passamos inicialmente por Ccorao, cidade que sobrevive graças à produção de ervas medicinais e cereais. Cultivam aqui mais de 2.000 espécies de batatas nativas, sem qualquer modificação transgênica. Muito interessante é o milho do local – choclos – que significa o mais bebê. É uma espécie de milho muito grande; cada grão corresponde a quase três dos nossos no Brasil. O choclo é o milho verde, bebê. O grão maduro alcança o tamanho de uma moeda de um real.
Logo chegamos a cidade de Pisac, que é banhada pelo grandioso rio Wilkmaio, braço do Amazonas. Este rio percorre 852 Km em todo o Peru. A fundação desta cidade se deu em 1530, quando queimou-se todo o acervo cultural inca, para tentar se reescrever a história sob o ponto de vista dos colonizadores. Às portas das ruas são colocados sacos plásticos nas pontas de estacas, que sinalizam, por exemplo, que se servem refeições populares – plástico vermelho. Quando um plástico verde é visto em uma porta, significa que o marido não está em casa.
O parque arqueológico do Vale Sangrado é algo espetacular. Difícil, entretanto, é chegar até ele. Uma hora e vinte minutos de caminhada por escadas mal sinalizadas. Foi uma grande cidade que reunia vários bairros. Observamos o cemitério Inca, onde existem cerca de 700 tumbas de pessoas comuns. A realeza não está enterrada, pois era embalsamada e cultuada como se vivo estivesse.
Interessante é entender como 12 milhões de Incas foram dizimados em tão pouco tempo. Soubemos que mais de 70% deles colaboraram com os conquistadores espanhóis durante a colonização. Isso porque os sacerdotes incas escravizavam o povo comum, que era forçado a trabalhar intensamente. Além disso, os espanhóis trouxeram inúmeras doenças que foram transmitidas facilmente aos andinos.
Paramos para almoçar às 13:00 em Urubamba, e logo em seguida chegamos a Ollantaytambo, quefoi um centro estratégico militar. Terminamos o nosso passeio em Chinchero, onde visitamos a igreja Nossa Senhora da Natividade. Era um antigo templo inca e aqui observa-se a fusão da religião católica e andina.
Um colorido especial é a feira de artesanato local.
AVENTURA NAS ALTURAS – 21/01/2009
Mais um dia de São Pedro de Atacama, pois Sérgio e Paniago voltam à Calama para buscar o carro que ficou na Toyota. A Raquel já havia partido as seis horas com previsão de chegada em Brasília às 24:00 horas.
Sidney, Walter, Heloisa e César ficaram no hotel dormindo até mais tarde e arrumando as suas coisas. Débora foi dar mais uma volta na cidade, fazer algumas comprinhas para passar a hora, enquanto aguardava o retorno dos que foram a Calama.
Sim, agora todos prontos, alimentados e veículos carregados. Sergio, mesmo insatisfeito com o serviço da Toyota de Calama, partimos de São Pedro de Atacama às 14:30 h. Tínhamos mais estradas pela frente e nesse início fomos acompanhados pelo majestoso vulcão Licancabur. Todos estavam preocupados com a subida até o Passo Jama (divisa do Chile e Argentina) na hora que estava sendo feita, pois as informações eram de que seria muito puxado, o que realmente se confirmou, pois saímos de uma altitude de 2.400 m e em 45 km de estrada chegamos a 4.800 m. Vencida essa etapa, passamos pela aduana na Argentina com absoluta tranqüilidade, pois já havíamos feito a aduana do Chile em San Pedro.
Retas e mais retas, contorno a morros, todos tranqüilos, pois a viagem corria normalmente. Os Troller sem apresentar problemas, o do Sergio sem força na subida, conseqüência da má qualidade de serviço realizado e o do Paniago começou com um problema na embreagem, certamente que conseqüência da subida para o Passo Jama, pois os veículos foram bastante exigidos.
Quando menos se esperava, mais uma subida pesada (não tanto quanto como a do Jama) e o que mais nos impressionou foi que ao seu final, começou uma descida sem fim, ou melhor, uma descida de 20 km, em que saímos uma altitude de 4.800 m e formos para 800 m. Por aí dá para se imaginar as curvas e precipícios por onde passamos. Ao mesmo tempo em que era perigoso, era muito bonito ver aquelas montanhas muito altas. Grande parte desse trajeto foi feito a uma temperatura dois graus negativos. Os únicos corajosos para o “Pit Stop” foram Walter e Heloisa, os demais não arriscaram colocar a ponta do nariz para fora dos seus veículos, pois não esperavam tanto frio. Chegamos a perceber alguns pequenos flocos de neve caindo por instantes.
Por volta das 20:00 h chegamos a Pumamarca, um lugar que se localiza no meio de um vale cercado por todas essas montanhas, com hotéis e pousadas, todas “mui hermosas”. Foi por ali mesmo que tratamos de nos alojar, pois já estava escuro e não sabíamos quais as surpresas que as estradas a frente nos guardavam.
Em fim, mais um dia se passou e após um saboroso jantar regado a vinho, nos recolhemos aos quartos, pois o dia seguinte nos aguardava com mais estrada. Nesse final de noite, mais uma decisão acertada pelo grupo que foi retirar de nosso itinerário as cidades de Cafayate e Cachi, seguindo direto para Resistência, passando por San Salvador de Jujuy, pois o Sergio manifestou preocupação com a baixa performance de sua Toyota.
AVENTURA NAS ALTURAS – 22/01/2009
Um despertar lento, de acordo com a visão bucólica da região. Mais uma vez carros carregados e prontos para sair, mas daí... algo que surge: o carro do Sergio não dá partida. Bem, ladeira abaixo, tenta fazer a camionete pegar no tranco, mas nada do carro pegar. Foram várias tentativas. Como não conseguimos o melhor a fazer é montar o cambão e rebocar. Descemos até a cidadela de Purmamarca, e perguntamos “hai algum mecânico”, a resposta crucial: NÃO, só na próxima cidade de nome Tilmaca a uns 20 km de distância de onde estávamos. Lá vai o carro do Sérgio sendo rebocado pelo Paniago. Walter e César foram na frente para tentar localizar um mecânico na cidade. No caminho, ops! Camineros (polícia argentina) na estrada, melhor parar e ver o que fazer. Não queríamos nos incomodar com mais essa. Somado a isso o fato do Paniago já estar preocupado com a embreagem de sua Pajero, pois César e Walter já tinham comunicado que havia subida e que dificilmente conseguiria subir cambando a Toyota. O Paniago lembrou de retirarmos ar do sistema de alimentação. O Sergio prontamente providenciou e a Débora, que estava na direção, conseguiu ligar rapidamente a camionete. Mais uma lição. Comunicamos então ao César e Walter que retornassem, pois tínhamos conseguido coloca-la em funcionamento. Vamos que vamos em direção a Salta, na tentativa de pernoitarmos em uma cidade mais além...
Tudo corria bem até que na entrada de Salta o pedal de embreagem do carro do Paniago afundou e não soltou mais. Precisávamos procurar mecânico. Tivemos a ajuda do pessoal do pedágio e assim seguimos para a cidade de Salta para concertá-lo. O carro do Paniago foi levado pelo caminhão plataforma de apoio da rodovia, não sem antes fotografarmos a operação de içamento sob as brincadeiras da galera. Logo conseguimos localizar a oficina da Mitsubishi. Sergio aproveitou e foi a Toyota de Salta para ver o que poderia ser melhorado em sua caminhonete que aumentasse seu desempenho que estava muito baixo após o concerto em Calama.
No final da tarde, ambos os veículos estavam arrumados. Procuramos hotel, jantamos no restaurante La Linda, acompanhado de um bom vinho. Após, retornamos ao hotel para dormir.
O dia não foi nada bom pois percorremos apenas 120 km mas pelo menos conseguimos consertar os veículos a tempo de sairmos cedo no dia seguinte e assim cumprirmos nossa programação.
AVENTURA NAS ALTURAS – 23/01/2009
Como de hábito, saímos do hotel com toda a calma. Nosso próximo destino era Resistência, metade do caminho para Foz do Iguaçu, última etapa de nossa viagem. A grande característica desse dia eram as grandes retas. A estrada tinha trechos bons e ruins mas a temperatura ambiente era muito alta. No meio do caminho encontramos com dois motociclistas Itu – SP que estavam indo para o Chile. Além deles, encontramos mais brasileiros nas paradas seguintes.
Como já estávamos prevenidos, fomos parados por policiais e após as perguntas de praxe tipo de onde estamos vindo, para onde vamos, documentos e ao final perguntam se temos alguma ajuda para eles. Devidamente ajudados, seguimos nosso caminho. Mais um posto policial, a rotina se repete. Nesse segundo posto, dois passam sem serem parados. Nesse dia percorremos 812 km e todos os veículos se comportaram como o esperado. A chegada a Resistência ocorreu por volta das 20:30 h e como de hábito, abastecemos e fomos a procura de hotel. Aparentemente o hotel era bom mas alguns de nós não ficaram nada satisfeitos com “las habitaciones”. Jantamos no próprio hotel, naturalmente que regado a vinho e fomos dormir.
AVENTURA NAS ALTURAS – 24/01/2009
Deslocamento de Resistência/AG para Foz do Iguaçu/PR
Às 7.30h, Sidney Maria e Paniago encontram Sérgio e Débora no café da manhã. Destaque-se, aquele velho e conhecido café continental: café com leite ou chá, água com gás, “média lunas”, manteiga e alguns doces (geléia). Após uns 10 minutos aparece o Cesar, que já havia tomado café. Enquanto aguardavam Heloísa e Walter descerem para o café, Sidney Maira e Débora foram bisbilhotar o comércio das proximidades, e Paniago foi tentar sacar alguns pesos. Sidney Maria e Débora retornam ao hotel, após terem passado no supermercado Carrefour e encontram o grupo, menos Paniago, que ainda não havia retornado. Heloísa e Walter já haviam tomado café. Logo chega Paniago, Débora e Sidney Maria falam dos vinhos que viram no supermercado, resolvem ir ao supermercado novamente com Paniago e Heloisa. De volta ao hotel reencontram o grupo, acomodam as bagagens nos carros e adeus Resistência. Saída de cidade é sempre complicado e, Resistência é uma cidade grande. Erra aqui, acerta ali, conseguiram pegar a saída. Após a travessia da ponte sobre o rio Paraná, quase na saída de Corrientes/AG. Ops! O Walter foi parado pelo guarda. E aí Walter o que aconteceu? O guarda aproveitou da situação. Pois o nosso colega passou no sinal amarelo e, não é que o guarda ameaçou multá-lo em 400 litros de combustível! Mas o nosso Walter olhou para o camarada e viu sinal de coisa errada, pois o cara suava e tremia. O nosso Walter regateou, disse que estava de volta para casa, que estava sem dinheiro e ofereceu 65 pesos argentinos, que foram prontamente aceitos. Detalhe, o guarda “safado” lhe deu um caderninho para colocar a propina disfarçadamente. Ufa!!! E pé na jacá em direção à Foz do Iguaçu-Br. Depois de percorridos 630 km, às 19.30h chegaram à Aduana Argentina e, sem precisarem descer dos carros, carimbaram os passaportes. Quando chegaram à Aduana Brasileira, do outro lado da ponte, se dirigiram à migração para o carimbo de entrada no Brasil, em seus passaportes. Entretanto, os funcionários da Aduana desconheciam tal procedimento, pois informaram que como eram brasileiros, não precisariam de tal carimbo. Contudo, insistiram que na saída de Assis Brasil, para o Peru, o funcionário da Aduana havia dito que era necessário tal carimbo. Tudo foi resolvido, carimbo de entrada batido, e chegaram finalmente às terras brasileiras, ou seja, FOZ DO IGUAÇU. Acomodaram-se no centro da cidade, no Hotel San Rafael. No jantar, no restaurante do hotel, fartaram-se com a comida brasileira, ou seja, bife, arroz, feijão e salada. Comeram com boca boa, pois há quase 30 dias não sentiam o gosto da comida brasileira. Saudades da terrinha.